.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Este espaço é para visualização dos vídeos acima; clique neles e assista!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Aula de Campo na Escola


A Prof. Fátima Souza, depois de muita batalha pelo transporte, conseguiu finalmente levar seus alunos para visitar o Laboratório de Informática Educativa (LIE) da Escola Municipal José Batista de Oliveira. O objetivo era nos mostrar como a escola utiliza o LIE, quais ações e projetos são desenvolvidos. No entanto, vimos bem mais que isso...














Fomos simpaticamente recebidos por Aparecida, professora especialista na área e responsável pelo ambiente; que nos conduziu a um breve passeio pela biblioteca e outras dependências do prédio. Senti falta de literatura no acervo da biblioteca, onde predominam os livros didáticos. Mas o que impressionou logo de cara, foi a recém-inaugurada rádio escolar. É tudo muito novo, professores e alunos ainda estão em fase de formação para colocá-la no ar. São 40 alunos no projeto; que futuramente pretende envolver também a comunidade do bairro; e compreende uma das atividades do Programa Mais Educação promovido pelo MEC. Além da rádio, tem também o projeto Horta Escolar.
















Sem dúvida, as novas tecnologias têm provocado revoluções na didática do ensino formal. Quando podíamos imaginar que uma escola se utilizaria de uma rádio para trabalhar conteúdos curriculares! Pois estamos nesse tempo. Bons tempos!

A despeito de algumas mazelas - que mesmo que o tempo passe, e a educação proponha mudanças - ainda permanecem atravancando o caminho. A velha e tão conhecida desvalorização do professor. Uma lástima profunda que nem toda maquinária já inventada, é capaz de compensar, ocultar, resolver. Tanto investimento em tecnologias, programas, projetos, planos, estratégias, formação de professor... E no entanto, o salário do magistério está na pré-história da economia, quando se fala de receitas e prioridades das políticas públicas.
















Por conta de uma merecida e justa greve, que não obteve resultados favoráveis às reivindicações, os professores trabalham aos sábados para repor as aulas. E era justamente essa uma das bandeiras levantadas - o direito de ter o fim de semana "livre" da obrigação do planejamento. Ponho livre entre aspas, porque de fato, professor trabalha tanto em casa quanto na escola. Correção de provas, preparação da aula, relatórios, pesquisa, planos de aula... Tudo isso é feito em casa. Onde ainda se divide com outras funções domésticas e familiares. Um tempo que em si já é tão curto! E que por incrível que pareça, pode encurtar ainda mais, com as tais reuniões de planejamento aos sábados. Por bizarro que seja, era o que vinha acontecendo até a referida greve, que à revelia da prefeitura, suspendeu a atividade. E mesmo assim, o sábado continua ocupado com a reposição das aulas. O desfecho dessa história é que por enquanto não há planejamento, a não ser nas rápidas conversas de intervalo no corredor.















Curiosamente, a escola está sem aulas no período da tarde, há pelo menos dois anos. Funcionando nos períodos matinal e noturno, o ensino fundamental e o EJA; além do Pró-Jovem. O LIE trabalha articulado com a demanda curricular dos professores. Não há ocupação do espaço com aulas específicas de informática, nem atividade própria do laboratório desvinculada dos conteúdos trabalhados em sala de aula. Funciona como extensão da aula, sempre acompanhada pelo professor de sala, que anteriormente agenda a utilização do espaço e dos recursos disponibilizados pelos professores especialistas em informática educativa - Aparecida e Victor. São onze computadores para toda a turma. Em cada um, senta uma dupla de alunos e o restante espera sentado numa grande mesa, fazendo outras atividades. Por conta do revezamento, é raro concluir uma atividade no computador. Segundo Aparecida, tudo é muito lento. O mesmo tema/conteúdo leva tempos sendo executado até a conclusão. E ainda tem o agravante de que o espaço é dividido também com os alunos do Pró-Jovem; o que restringe o uso do laboratório à metade da semana, para as turmas do fundamental e EJA, manhã e noite. À tarde, a escola não funciona. Após a introdução do Pró-Jovem na escola, via convênio entre Governo Federal e Prefeitura, não houve ampliação dos espaços, o que houve foi a divisão deles.















O público do EJA são trabalhadores, na sua maioria entre 50 e 60 anos; e o único contato que tiveram com um computador, foi no trabalho - pra limpá-lo ou mudá-lo de lugar. Inicialmente, há certa rejeição por parte deles em relação ao uso do computador, mas com o tempo começam a se adaptar e "ficam maravilhados", segundo relato da professora Luiza. O que não ajuda muito é o fato de que o material didático destinado a este público adulto, é muito infantilizado, inadequado para a faixa de idade e seu contexto. Mesmo assim, os professores do LIE criam várias formas de envolvê-los em diversas atividades, produzindo vídeos e imagens, que mais tarde, já transferidos para o computador, se tornam motivo de orgulho quando os alunos assistem a si mesmos na tela. O que para muitas pessoas e jovens é algo já mais que banal, para eles é uma conquista de dimensão jamais imaginada - um êxtase! Esse capítulo da história, para mim, foi a mensagem do dia.















E como uma boa história tem um final feliz, essa não há de ser diferente. Principalmente, se depender dos professores do LIE; que mesmo com todas as dificuldades e desafios enfrentados, demonstram verdadeira paixão pelo que fazem, e profundo carinho ao falar de seus alunos.

Através do site "A Nossa Escola" e da participação em projetos como o "To No Mundo" (OI Futuro) e "Educar BR" - além da interação em rede com outras 400 escolas - vão expandindo seu pequeno e disputado espaço físico para o espaço ilimitado da net. E sem custo algum - via software livre - utilizando o Linux e recentemente o Big Linux. Igualmente livre é o acesso sem restrições aos ambientes e conteúdos virtuais. Em vez de bloquear a entrada em sites da internet, esses professores preferem orientar, discutir e refletir com os alunos a respeito desses conteúdos.















Termino portanto, este relato com uma confissão que não quer calar. Eis meu manifesto: com todo respeito e admiração que tenho pelos professores em geral, continuo não me vendo como funcionária de uma prefeitura que vê no professor, um missionário. Docência é profissão, e não missão. Continuarei no caminho torto da educação. Aquele, onde se é autônomo, se ganha mais, e só se trabalha aos sábados por pura vontade. Mesmo que para isso, seja preciso criar minhas próprias oportunidades de trabalho e conviver com toda instabilidade de não prever o futuro. É o que venho fazendo esses últimos doze anos... Porque sinceramente, meu tempo livre não há dinheiro no mundo, nem muito nem pouco, que pague. Nesse vagão, eu só entro, rumo à dignidade mais que necessária da justa recompensa financeira. Se eu acreditasse em céu e inferno, talvez fosse diferente... Mas não é o caso.

Nenhum comentário: